As pipas
Quando Miguel perguntava quem era a sua mãe, ou onde morava o seu pai, o avô tossia para um lado, tossia para o outro, arranjava um resfriado, uma dor nas costas e só lhe respondia: "Ô Miguel, a sua mãe já volta. Daqui um pouco ela volta..." Mas a mãe nunca voltava, nunca.
Ele desmanchando as rabiolas. Ele olhando no portão. A cada laço que desfazia era uma esperança que se soltava, e ele já tinha reparado: quando as pipas voavam embora, elas voltavam para nunca mais.
Escrito por Rita Apoena.
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